terça-feira, 18 de agosto de 2015

Na terceira idade, morar sozinho também pode ser um grito de independência

É comum quando falamos em morar sozinhos de logo associarmos essa situação com gente jovem, que saiu da casa dos pais ou que teve que se mudar para estudar ou trabalhar. Mas você sabia que, segundo dados do IBGE de 2012, ao menos 3 milhões e 700 mil brasileiros acima dos 60 anos moram sozinhos? É bastante gente, não é mesmo? Tenho certeza que você conhece ao menos um.

Se observarmos, grande parte deles eram pessoas que moravam com a família e que ficaram viúvos, ou cujos filhos foram se casando, saindo de casa até que acabaram, por fim, ficando sozinhos. Parece triste? Talvez pareça sim, mas não para todos eles. Para alguns, morar sozinho é sinônimo de independência e alegria. Pelo menos foi o que minha amiga Eliria Dieckow, de 66 anos, sempre transpareceu às pessoas que a conhecem.

Conheci a Eliria há uns 5 anos quando participava de uma comunidade do orkut para moradores de Campo Grande. Lá discutíamos de tudo, de futilidades a acontecimentos da cidade, de política a novela, de comportamento a discussões que, claro, não chegavam a lugar nenhum! Rs…
E ela estava sempre lá, participante, pronta para dar uma opinião. Confesso que demorei a descobrir a verdadeira idade dela, pois suas ideias eram sempre tão frescas que parecia mesmo que era jovem, como grande parte de nós, com a diferença que tinham muito mais sabedoria em seus comentários.
Eliria mora sozinha há 18 anos, desde que sua filha se casou, nesse entremeio, no entanto, dividiu algumas vezes a casa com familiares e tentou até engatar um segundo casamento, mas confessa que hoje valoriza muito a liberdade de morar só. “Faço o que gosto, na hora que me der vontade”, afirma categórica.
Disciplinada, não deixa de fazer suas refeições. Preguiça não tem vez por ali! Todos os dias, ela prepara seus pratos sempre preocupada em não desperdiçar. Quando pensa em um prato mais elaborado, reúne a família e divide com todos, o que também é uma maneira de estar mais próxima dos que ama. “Eu não me sinto sozinha nunca. Meus filhos, netos e meu bisneto sempre estão por perto, e quando eles não vêm aqui, eu vou visitá-los.”
Morar sozinha para Eliria é uma grande alegria, e fica a lição para muitos de nós que às vezes nos sentimos ‘forever alone’ e cheios de mimimi: é fundamental gostar de sua própria companhia. Amor próprio é item indispensável, cuidar de si mesma é algo que não pode ficar de lado nunca e acredita que seja por isso que viva tão bem. Ah, e fica a dica, corre no seu estojo, pega o marca texto e guarda bem essa frase incrivelmente simples da Eliria para o resto da vida: “Sou a pessoa que mais me ama.” Tenho certeza de que esse é o grande segredo desse sorrisão que nunca a deixa só.
Gostou desse post? Você pode conferi-lo também na editoria Lado B, do Campo Grande News, onde o Casa de Um tem uma coluna semanal! Não deixe de conferir!
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Evelise Couto é jornalista e moradora da @casadeum.

Depois de amargar um tempinho morando sozinha, agora divide a casa com um noivo, dois cachorros e uma tartaruga.

Seu instagram é @evelise_

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