segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Encantada, a home office de Dumont #GuestPost


Na velha Petrópolis, mesmo pequena diante da imensidão dos casarões vizinhos, a Encantada, instalada ali do alto da Rua do Encanto, chama a atenção. O prédio antigo, idealizado por Santos Dumont em 1918, com projeto arquitetônico do Engenheiro Eduardo Pederneiras.

A Encantada! (crédito: William Figueiredo)


Faço uma pausa antes de levar você para conhecer a Encantada para falar de Petrópolis – a Cidade de Pedro. A cidade fica no Rio de Janeiro a pouco mais de uma hora da Capital, na serra e de clima agradável, foi um dos destinos “queridinhos” de muita gente – da família real a intelectuais. Entre eles, Santos Dumont – o pequeno notável. 

A sala. Uma das poucas fotos que os visitantes podem tirar.
Ok, Carmen Miranda é a pequena notável, mas, considero que ele também merece o título. Afinal, algumas coisas tem a assinatura deste pequeno inventor – do avião, embora há quem questione a paternidade desta invenção e isso não vem ao caso, ao relógio de pulso. A belíssima Encantada é também um exemplo da criatividade de Dumont e é talvez, a primeira Home Office. 



Santos Dumont buscava em Petrópolis a tranquilidade para trabalhar em seus projetos. Foi ali que ele escreve umas páginas do livro “O que eu vi, o que nós veremos”. Talvez o briefing do projeto de Santos Dumont para o Pederneiras era resumido em três palavras: funcionalidade, simplicidade e charme. E assim, a pequena casa foi construída no topo do morro do “Encantado”.

A construção tem três pavimentos, no primeiro – um porão que funcionava como oficina e hoje é a bilheteria do “Museu Casa Santos Dumont”, no primeiro andar um escritório. No piso superior – quarto e banheiro. Há também um sótão, que funcionava como depósito.

Sala de projeção.
Até ai tudo bem. Mas é só começar a subir as escadas de madeira para notar a criatividade do proprietário da Encantada. Os degraus são cortados em forma de raquete e tem um motivo digno, apesar de muitos acharem que é superstição...

 Na entrada, a casa ganha ares de “home office”. Em poucos metros quadrados, o primeiro piso é divido entre sala de esta e jantar e o escritório. Notaram que não mencionei cozinha na casa? É Santos Dumont não era chegado a queimar umas panelas. Ele pedia as refeições no hotel vizinho e comia ali na sala/escritório. A escrivania também ganhou atenção do inventor, há um vão que facilitava o serviço do garçom terminada a refeição a louça voltava para o hotel. Prático e sem louça para lavar! O/

A sala tem ainda uma lareira, afinal Petrópolis é conhecida pelo inverno que pode ser rigoroso, uma pequena prateleirinha com livros preferidos do dono da casa. E um moderníssimo aparelho telefônico, presente de inventor pra inventor. 
            
Aliás, olhando o tamanho da casa, a impressão que se tem é a de que ele pouco recebia visitas de amigos. Mas não, os amigos iam até a casa e ficavam onde Dumont sempre estava – na oficina – em outras palavras no porão. Todos queriam ver o tão falado projeto de avião. 

O segundo andar tem coisas mais legais. No quarto nada de cama, apenas uma cômoda. E, como funcionalidade é o norte do projeto da Encantada, o móvel virava uma cama. Sim! Ele colocava um colchonete em cima da cômoda e dormia ali mesmo.

A réplica da Encantada.

O armário também é bem pequeno, parece que ele não era adepto a colecionar ternos da moda. Embora, ele tenha ditado à moda masculina, e até hoje, inspire looks com o chapéu de aba dobrada. O que era para ele engraçado, já que o chapéu ficou com a aba dobrada depois de um incidente com um dirigível. Mas isso é um detalhe fashionista, voltando ao projeto da casa. 

O chuveiro (foto: Divulgação)

No banheiro, outra invenção – um chuveiro quente! (Valeu Dumont) Ele aquecia a água e daí era só escolher entre banho frio ou quente. Bom, na verdade a engenhoca está longe de parecer um chuveiro, era um balde adaptado, e daí era só puxar a cordinha do “chuveiro”. A dúvida é: será que dava certo?

No segundo andar tem uma porta que dá para o quintal e depois para uma escada, a terceira com degraus em formato de raquete, e ela leva ao observatório. Dali Dumont olhava as estrelas ou contemplava a beleza da cidade. E a visita à encantada termina ali. Mas, tem o prédio anexo com uma lojinha de lembrancinhas e uma sala de cinema que exibe um curta sobre a vida do dono da casa. E em seguida um workshop sobre Dumont.

A casa recebe visita de gente do mundo todo. Quando eu fui, havia um pequeno grupo de norte-americanos. Adivinhem o tema da discussão? A paternidade do avião. Se você quiser saber o resultado deste teste de DNA, eu é que não vou contar, e tiver planejando ir para Petrópolis ou para o Rio de Janeiro, visite a casa.

Vale a pena - A entrada para visitar a “Encantada” tem um valor simbólico. Ela abre de terça-feira a domingo, a partir das 9 horas. Quer saber mais, clica aqui: http://destinopetropolis.com.br/6026_museu-casa-de-santos-dumont

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Tathi Panziera, é jornalista, capricorniana de opinião forte, mas que aprendeu a ser flexível. Não mora em uma Casa de Um, mas se vira com as dicas que aprende aqui.

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