Enquanto algumas pessoas preferem morar em um pensionato, outros passam pela experiência de dividir o mesmo teto com amigos. Uma verdadeira prova de amizade, respeito e partilha.
A jornalista Hadassa Aguilera divide a casa com amigos desde 2012, mas já teve seus momentos de viver sozinha, uma experiência da qual ela não gostou nem um pouquinho. “Foram 5 meses, mas me sentia muito solitária. Eu deixava a tv ligada o tempo todo para ter barulho e quase todos os dias chamava algum amigo meu pra dormir em casa. Sem contar que tudo era sem graça. Não curtia cozinhar só para mim. Comecei a viver de escondidinho e lasanha congelada”, conta.
Mas as coisas mudaram muito em sua vida. Da total casa de um, ela passou a dividir o espaço com outras 11 pessoas ao se mudar para um hotel em Las Trancas, no Chile, onde foi trabalhar por 6 meses. Eram pessoas de vários países e culturas diferentes - brasileiros, mexicanos, argentinos, chilenos, franceses e bolivianos - das quais ela conhecia apenas uma, a também jornalista Gabe Mosena, que a acompanhou nessa empreitada. O alojamento era uma casa arredondada, conhecida como domo, e nele os quartos eram divididos em duplas. Eram 8 quartos, uma sala e cozinha e… para deixar o desafio mais completo, apenas dois banheiros!
Para organizar o convívio, apesar de os horários dos moradores quase nunca se coincidirem dentro da casa, algumas regras eram estabelecidas: cada um era responsável pela sua própria louça, não era permitido fumar dentro do alojamento, dentre outras que, segundo Hadassa, nem sempre eram cumpridas. Ainda assim, o convívio era muito positivo. “Estávamos no meio de uma montanha. Não tínhamos TV e a Internet era muito limitada, então usávamos a madrugada para confraternizar. Fazíamos pizza na fogueira à noite, jogávamos baralho, assistíamos filmes antigos. Éramos unidos, como uma família.”
Terminada a temporada no Chile, Hadassa voltou ao Brasil e foi morar em Bonito, onde também dividiu casa com amigos: uma ex-colega de faculdade, o namorado Daniel (um dos 12 moradores do alojamento em Las Trancas) e um colombiano. Ela gostou tanto de conhecer gente de fora que, nessa época, se inscreveu em um programa de couchsurfing, um projeto que visa a troca de hospitalidade entre seus membros, ou seja, você oferece um cantinho (ou um sofá, “couch” em inglês) para seu hóspede sem cobrar por isso.
“Aproveitei que estava em um lugar muito procurado para oferecer o sofá. Recebemos americanos, franceses e alemães. Era legal porque os quatro moradores da casa tinham essa coisa de conhecer outras culturas e a gente ainda aproveitava para praticar o inglês”
De Bonito, Hadassa mudou-se a trabalho para São Paulo e, mais uma vez, divide a casa com amigos. Dessa vez, os parceiros são um casal de irmãos já velhos conhecidos.
Para a jornalista, a principal vantagem de morar com mais gente é, sem dúvida, a companhia e ela admite que deu muita sorte em todas as suas experiências, pois acabou encontrando pessoas que tinham a mesma sintonia que ela. Para a boa convivência, Hadassa acredita que a regra de ouro é saber respeitar o espaço um do outro. “É diferente de quando você vai dormir na casa de um amigo uns dias e ele deixa você fazer tudo pra te deixar à vontade. É preciso ter jogo de cintura e pensar coletivamente. Tem gente que não gosta por isso: tem que pensar em tudo que vai fazer, porque às vezes pode incomodar o outro. Mas eu acho isso um baita exercício pra aprender a ver que existe um outro sempre ali... dentro de casa ou em qualquer lugar.”
Atualização: esse texto foi escrito em julho de 2015. Agora Hadassa divide a casa com o marido Daniel <3
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