Ao mesmo tempo que sabia da importância, sabia também o quão difícil era comprar uma casa. Valores altos, zero reserva de poupança, mil condições para financiamento... me parecia uma conquista muito distante, coisa pra quando eu tivesse mais de 30 anos, mais estabilidade, mais grana e, claro, mais maturidade para ter uma casa, cuidar dela e morar sozinha.
Como nossa vida dá muitas voltas, tudo que eu considerava obstáculo foi se resolvendo meio que ao mesmo tempo. No meu primeiro post aqui no blog dividi com vocês a minha experiência morando em um pensionato. Foi ali que tudo começou a se encaminhar.
Além da questão da maturidade que já comentei, morar no pensionato foi uma escolha estratégica que me ajudou a economizar muito. Eu pagava uma mensalidade de cerca de R$ 400,00 e só. Não tinha conta de água, de energia, IPTU, nada mais que me tirasse o sono. A empresa onde eu trabalhava pagava vale refeição/alimentação, com o qual eu almoçava e fazia uma compra bem baratinha de coisas para deixar lá na geladeira do pensionato pra fazer lanche a noite. (O que acontecia bem raramente, já que trabalhava praticamente toda noite).
Deu até pra por a leitura em dia. |
Claro que só isso não foi suficiente. Nesse 1 ano e meio que morei lá, abri mão e me privei de muita coisa: não tinha TV (nem o aparelho de TV nem a TV a cabo), não tinha internet, não comprei nada pra mim - roupa, sapato, maquiagem - por praticamente o período todo que morei lá, e deixei de ir a muitos lugares pensando na economia de combustível. Além disso, zerei a fatura do cartão de crédito (acho que nunca mais isso vai acontecer kkkkk)
Parece exagero? Não sei, tudo depende de qual é seu objetivo. Essa é uma lição que vou levar pra vida toda: para conquistar o que vc quer, vc tem que fazer algum esforço. O meu esforço foi esse. E querem saber? Sobrevivi e muito bem. Foi aí que percebi como a gente não desfruta do que já tem e está sempre querendo comprar mais e mais e mais, foi aí que passei a valorizar mais conversas na varanda do quarto, que consegui ler cerca de 20 livros, que afinei meus ouvidos para o canto dos pássaros na minha janela, que me entendi comigo mesma, que transformei minha inquietude em paz e silêncio...
Deixando a sessão autoajuda um pouco de lado rsrs fato é que estabeleci metas e todo mês separava uma grana boa (cerca de R$700,00) e guardava na poupança. Acho que o sangue turco me ajudou a ser bem mão de vaca nesse período e não mexia nesse dinheiro por nada!
Guardava cada dinheirinho que podia! Era por uma boa causa. |
A vida é feita de ciclos e reconhecer quando um deles chega ao fim é o primeiro passo pra evitar sofrimentos desnecessários. Desde o princípio eu sabia que o pensionato era uma solução temporária e quando senti que meu ciclo no pensionato estava chegando ao fim, comecei a procurar casa.
Tive a super ajuda de um amigo corretor de imóveis (valeu Wagner!). Pra diminuir as chances de erros (e frustrações), ele me orientou a definir um valor aproximado que estivesse disposta a pagar no imóvel (R$ 120 mil), pensar como eu queria que fosse a casa (dois quartos ou três quartos, mas que tivesse terreno no fundo) e na localização (pra mim poderia ser qualquer bairro, exceto esses que a gente ouve falar que são muito perigosos.
Com isso definido, começamos as buscas. Nessa hora, meu amigo, recarregue seu estoque de paciência. Você vai precisar. Na foto, a casa é uma coisa, na realidade é outra, vendedor fala uma coisa, na realidade é outra e assim vai... foram quase 3 meses saindo todo sábado de manhã pra visitar nem sei mais quantas casas no total... só sei que um dia, ao entrar em uma casa ainda em construção, meu coração batucou. Dois quartos, um banheiro, sala, cozinha, garagem pra um carro, área de serviço e um terreno bom no fundo. Valor: R$ 120 mil. Ah, mas é no Aero Rancho, ah, mas é longe, ah, mas não tem asfalto... muita gente deu palpite, mas quando o coração batuca e vc já se imagina morando na casa, não tem mais jeito.
Dois dias antes do meu aniversário, em 2013, dei o sinal de R$ 2 mil pra segurar a casa, assinei a papelada e aguardei a casa ficar pronta. Nesse meio tempo, perdi o emprego, fiquei desesperada, achava que ía perder o financiamento que ainda não tinha sido aprovado, vi meu sonho indo por água abaixo. Mas, no fim das contas, tudo se resolveu e o dinheiro da rescisão me ajudou a mobiliar a casa, comprar as coisas básicas: cama, guarda-roupa, geladeira e fogão. No dia 15 de dezembro de 2013, assinei contrato com Banco do Brasil, dei uma entrada de 15 mil, consegui subsídio de mais 15 mil e financiei o restante - até 2043. Em março de 2014 me mudei pra minha casa.
Pensa na alegria! |
Comprei a minha casa própria, meu primeiro imóvel, aos 25 anos, muito antes do que eu imaginava. Não foi fácil, mas como diz um amigo meu, se fosse fácil não chamava vida, chamava periguete hahahaha Comprar a minha casa foi mais que comprar um lugar pra morar, paredes, chão e teto. A minha casa é um lugar sagrado pra mim, um templo, meu refúgio, a edificação que me fez provar pra mim mesma que a gente pode se desafiar, se superar e conquistar muito mais do que a gente imagina!"
Um pouco do meu cantinho. |
A primeira conquista a gente nunca esquece! |
Tudo do jeitinho que eu queria. |
A alegria em forma de faixa.
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Bianca Bianchi, 27 anos, jornalista. Adora sair pra balada e dançar, mas também valoriza o silêncio de uma tarde deitada na rede lendo um livro ou assistindo filme. Torcedora do Corinthians, entende mais de futebol que muito homem, dirige igual a um, mas no fundo, é uma mulherzinha. Odeia mamão.
Seu instagram é @bianca_bianchi
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Que história inspiradora! Adorei. Ainda vou ter essa força de vontade para economizar desse jeito e focar mais nos meus objetivos...
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