Depois de 3 anos de namoro, morei junto com Rodrigo por mais 2. Experiência bacana que vale um outro post rs. Quando o relacionamento acabou, tentei voltar pra casa dos meus pais (já que antes de morar com o namorido nunca tinha morado sozinha). Mas não teve jeito. Bastou uma semana pra eu me tocar: nunca mais vai ser como era antes. Não significa que era ruim, só não era igual. Foi quando me toquei que precisava de um canto meu. Tinha acabado de trocar de emprego, então tive medo de assumir o compromisso de um contrato de aluguel + iptu + contas de água e energia + mobília. A melhor solução foi encontrar um pensionato.
A gente não imagina a quantidade de pensionatos que existem em Campo Grande até procurar por um. Tem dezenas, de todos os estilos e faixas de preço. Visitei três, um ótimo, mas que era muito caro pra mim, outro que me deu o maior medo porque todo mundo tinha a chave de tudo e o Pensionato São Francisco, um antigo seminário de padres que há cerca de 10 anos é administrado por um casal muito fofo, Dona Raquel e Seu Zé, e seus dois filhos Tiago e Mari. Lugar tranquilo, bem localizado e com preço acessível.
Escolhi um quarto individual sem banheiro mas com varanda. Depois descobri que dei a maior sorte, pois o pensionato é mega concorrido e no período que fui procurar (abril), geralmente já está tudo lotado: pais e mães do interior procuram logo no início do ano e já reservam para as filhas que vem estudar na capital.
Essa era a vista do meu quarto. Como não amar? |
Levei minha mudança no porta-malas do carro (não tinha nada mesmo rs), peguei um colchão emprestado de uma amiga (obrigada teté <3 ) e comecei a nova rotina. Se uma casa com 40 mulheres não tiver regras, desanda, logo, a gente tinha horário certo pra cada refeição, pra guardar o carro, pra usar a lavanderia... eu não tenho problemas com regras, mas confesso que tinha um pouco de vergonha, no começo, de dizer que não podia receber visita no meu quarto ou que se eu não estivesse no pensionato às 23h, ía ficar pra fora.
Mas, com o tempo, esses detalhes ficam insignificantes. De verdade.
Árvore bem em frente ao nosso portão. Linda de viver! |
Conheci muitas pessoas nesse 1 ano e meio que fiquei lá. Meninas do Estado inteiro e até do interior de SP que vinham estudar, fazer cursinho, faculdade, mestrado... Vi muita gente chegar com aquela cara de assustada (até o primeiro café da manhã juntas ou a primeira sessão de novelas na sala de TV - tudo sempre a base de muita gargalhada) e vi muita gente também ir embora com lágrima nos olhos – eu mesma, inclusive.
Dona Raquel e Seu Zé adotam de coração cada uma das meninas, conversam, escutam, aconselham, ajudam, socorrem... cada uma das meninas se torna uma amiga-irmã e então vc perde as contas de quantas vezes fala bom dia pra mesma pessoa em questão de minutos (pq vocês se cruzaram no banheiro, no corredor, na mesa do café da manhã), perde as contas das caronas, das baladas juntas, das roupas emprestadas...
Morar em um pensionato é uma experiência interessante: você mora sozinha, se vira, tem sua rotina, não dá satisfações, manda no seu nariz, mas, ao mesmo tempo, você mora com um monte de gente que se preocupa com você e com quem você sabe que pode contar quando tá gripado, que vai te levar pro hospital com crise de rim ou que vai passar a madrugada acordada te ouvindo chorar com o coação partido, mas também que some com as suas roupas que estavam no varal, ou com a sua compra da geladeira.
A convivência era tão tranquila, que rolou até um Amigo Oculto no final de 2013. |
Essas experiências e esse equilíbrio entre as duas situações me proporcionaram mais tolerância, discernimento, segurança e a tão sonhada maturidade necessária para morar sozinha de vez – o que acontece hoje, e é melhor do que eu imaginava. Sem clichês.
Seu Zé, dona Raquel e seus dois filhos Tiago e Mariana. |
Se você quer sair da casa dos pais e morar sozinho, mas não se sente 100% preparado pra isso, seja do ponto de vista financeiro ou psicológico, um pensionato pode ser uma excelente opção: é como se fosse uma fase de transição, e vale muito a pena. Além dos aprendizados você leva pra vida muitos amigos e muita história pra contar.
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Bianca Bianchi, 27 anos, jornalista. Adora sair pra balada e dançar, mas também valoriza o silêncio de uma tarde deitada na rede lendo um livro ou assistindo filme. Torcedora do Corinthians, entende mais de futebol que muito homem, dirige igual a um, mas no fundo, é uma mulherzinha. Odeia mamão.
Seu instagram é @bianca_bianchi
Que bacana! Em 2009 quase morei lá também, mas o toque de recolher e a restrição de visitas masculinas me deixaram meio assutada :P
ResponderExcluirMuitas pessoas com a crise estão começando a alugar quartos.
ResponderExcluirhttp://www.quartoja.com.br/